O fracasso do programa espacial brasileiro

Por Maurício Tuffani

A Folha publica neste domingo (10.ago) no caderno “Ilustríssima” minha reportagem “O espaço, esse rabo de foguete brasileiro”, que informa o novo atraso do lançamento do Veículo Lançador de Satélites VLS-1, que estava programado para este ano, e aponta as principais causas do atraso do PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais), que deixa nosso país praticamente fora de uma parte importante  desse novo, competitivo e importante setor da economia, que é o aeroespacial.

Esses três fatores de atraso são a insuficiência de investimentos por parte do governo, o baixo grau de integração com a indústria e a falta de um comando unificado e estruturador, com foco em resultados. Acrescento aqui mais informações sobre o primeiro aspecto.

A tabela a seguir mostra quanto foi planejado de investimentos para o PNAE, os valores que foram previstos nas leis do Orçamento da União e o que foi efetivamente gasto nos anos seguintes ao lamentável desastre em agosto de 2003 no Centro de Lançamentos de Alcântara, quando um dos propulsores do VLS-1 entrou em funcionamento acidentalmente três dias antes do lançamento previsto, matando 21 técnicos.

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A tabela detalha o que está explicado na reportagem: além de as leis orçamentarias de cada ano não terem alcançado os investimentos previstos no PNAE, os valores liberados pelo governo e gastos foram ainda menores.

Esses números evidenciam a enorme falta de comprometimento desde os anos 1980 por parte do governo federal com o planejamento do próprio PNAE. Associando esse desinteresse à grave deficiência gerencial do comando desse programa, também explicada na reportagem, dá para entender por que no setor espacial o Brasil continua retardatário.