O plágio na ciência e seus eufemismos

Por Maurício Tuffani

 

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O blog “Retraction Watch”, que monitora retratações de artigos científicos, acaba de publicar nesta quinta feira outro post com mais uma contribuição para o anedotário de eufemismos usados pelos periódicos em suas notificações oficiais sobre a ocorrência de plágios. A bola da vez é a revista britânica “Polyvocya: The SOAS Journal of Postgraduate Research”, da Universidade de Londres, que publicou a seguinte nota sobre um artigo de 2012 assinado pela doutoranda em teoria literária Danielle Faye Tran.

“A autora foi obrigada a reconhecer a origem externa do fraseado de alguns trechos do artigo. Além disso, em um pequeno número de casos, a autora, quando citou corretamente a fonte, deveria ter usado aspas em trechos escritos literalmente na íntegra a partir dessa fonte. Embora esse tenha sido considerado um erro honesto, a autora decidiu retirar o artigo em vez de emitir uma correção.”

Foi obrigada a reconhecer uma origem externa de sentenças! Deveria ter usado aspas! O erro foi “honesto”, mas em vez de corrigi-lo a autora preferiu dar sumiço no paper! Como diria o meu colega José Simão, colunista da Folha, tucanaram o plágio.

OK, dá para entender perfeitamente que prefiram não empregar esse termo em retratações, mas desde que se usem descrições objetivas e diretas do que ocorreu, como, por exemplo “o artigo contém trechos que foram literalmente copiados de ….”.

O blog informa que tentou obter uma posição da autora do artigo e da direção da revista, mas que ambos não responderam aos contatos.

Vale a pena conferir uma pequena antologia de eufemismos para plágios publicada no ano passado pelos blogueiros Adam Marcus e Ivan Oransky.