Ebola foi subestimado, diz descobridor do vírus

Por Maurício Tuffani
Peter Piot, um dos descobridores do vírus Ebola, em seu escritório Na Escola de Londres de Higiene e Medicina Tropical, em julho. Imagem: Leon Neal/AFP
Peter Piot, um dos descobridores do vírus Ebola, em seu escritório de diretor da Escola de Londres de Higiene e Medicina Tropical, em julho. Imagem: Leon Neal/AFP

O microbiologista belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus Ebola em 1976, no Zaire, afirmou que órgãos responsáveis pelo controle e prevenção de epidemias durante muito tempo não consideraram a doença um problema real de saúde pública. A declaração foi feita em entrevista publicada nesta segunda-feira (29.set) no site da revista britânica “New Scientist”.

Nascido em 1949, Piot atualmente é diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido, e já foi diretor-executivo do Unaids (Agência das Nações Unidas para a Aids) e subsecretário-geral das Nações Unidas de 1995 a 2008. na entrevista, ele afirmou:

“Após o pânico em 2001 com o antraz, um programa antibioterrorismo financiado em grande parte pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos levou ao desenvolvimento de algumas vacinas e medicamentos experimentais para o Ebola. Mas o financiamento secou. Até agora, o Ebola não tem sido uma questão de saúde pública real em comparação com o HIV, a malária, a mortalidade materna e assim por diante. Mas agora temos de acelerar a avaliação de vacinas experimentais e oferecem alguns dos medicamentos para uso paliativos.”

No início de agosto, o pesquisador já havia acusado publicamente a OMS (Organização Mundial da Saúde) de atuar com lentidão nas ações necessárias ao combate à epidemia. Nessa entrevista publicada hoje, Piot ressaltou que na África as pessoas estão mais expostas ao vírus, que se desenvolve em animais da floresta, devido ao desmatamento e a outros fatores, entre eles sistema de saúde disfuncional após décadas de guerra civil e governos corruptos.

Lamentavelmente, a reportagem não dá nenhuma indicação de ter questionado Piot sobre sua atuação em importantes órgão das saúde pública internacional nesse período em que neles trabalhou.