Apoio de álcool, fumo e agrotóxicos espanta eleitor, diz pesquisa

Por Maurício Tuffani

Mais de 80% dos eleitores brasileiros não votariam em candidatos financiados por indústrias de armas (92%), tabaco (87%), álcool (87%) e agrotóxicos (82%), segundo pesquisa do Datafolha e da Aliança de Controle do Tabagismo e Saúde (ACT+).

Apesar de 79% dos entrevistados terem considerado importante saber quem são os doadores de campanhas eleitorais, 70% deles mostraram desconhecer informações sobre esse tipo de apoio, de acordo com o estudo.

A pesquisa se baseou em 2.013 entrevistas com maiores de 16 anos, realizadas nos dias 4 a 8 de agosto em 135 municípios de todas as cinco regiões do país.

Também foram consideradas as rejeições dos entrevistados aos apoios por parte do setor bancário (58%) e das indústrias automobilística (53%), de alimentos (38%) e de confecções (44%), como mostra a tabela a seguir.

DataFolha_ACT

As doações de indústrias de tabaco são atualmente feitas a diretórios e comitês partidários, e não a candidatos, afirma a ACT+ com base em relatório que encomendou sobre financiamento eleitoral à Transparência Brasil, que considerou dados das eleições de 2010 e 2012.

Em sua nota sobre a pesquisa, a ACT+ afirma que o cruzamento dos resultados da pesquisa do Datafolha com o relatório sobre as doações declaradas sugere que “os candidatos não querem aparecer como recebedores de recursos da indústria do tabaco em função da imagem negativa que essas empresas têm na sociedade”.

O repasse pelo diretório ou comitê para as campanhas dos candidatos dificulta o rastreamento das doações, segundo a ONG.

“Nós nos perguntamos como num país em que todas as empresas de capital aberto fazem doações, como aquela que tem a maior fatia de mercado no seu segmento pode não aparecer numa listagem?”,  pergunta Paula Johns, diretora-executiva da ACT+.

Para mais informações sobre os resultados da pesquisa, clique aqui.


PS – leia também “O lobby das falácias fumageiras” (21.set.2015) e Estudo mapeia testemunhos médicos pagos pela indústria do tabaco” (21.set.2015).