Ritmo de devastação na virada do ano cresceu na Amazônia

Por Maurício Tuffani
Mapa de alertas de desmatamento por corte raso e outras degradações da floresta Amazônica em janeiro, mês em que a cobertura de nuvens impediu a observação de 59% da Amazônia. Imagem: Inpe/Deter
Mapa de alertas de desmatamento por corte raso e por outras formas de degradação da floresta Amazônica em janeiro, mês em que a cobertura de nuvens impediu a observação de 59% da região. Imagem: Inpe/Deter/Divulgação

O desmatamento e outras formas de degradação na Amazônia atingiram pelo menos 291 km2 no período de novembro do ano passado a janeiro deste ano. O aumento é de 5,5% em relação ao detectado no mesmo trimestre entre 2013 e 2014,* segundo dados divulgados nesta segunda-feira (2.mar) pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Dessa devastação total detectada pelos satélites mesmo com a média de mensal de 61% de cobertura da área da Amazônia por nuvens, 219 km2 são de novos desmatamentos por corte raso e o restante foi atingido por outras formas de degradação, segundo o comunicado do sistema Deter (Detecção em Tempo Real de Alteração na Cobertura Florestal).

O Mato Grosso continua sendo o campeão da devastação, com 179 km2 de áreas, correspondendo com a 61,5%, ou seja, quase dois terços do total registrado por todos os sete Estados da Amazônia nesse trimestre, como mostra a tabela a seguir.

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Divergência

Em janeiro, com 59% de cobertura por nuvens na Amazônia, o Deter detectou na região 129 km2 de áreas alteradas, dos quais 112 km2 correspondentes a novos desmatamentos por corte raso.

No entanto, a devastação nesse mês foi muito maior, segundo o boletim do monitoramento realizado pelo Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia). Sediada em Belém (PA), a ONG detectou uma degradação de de 389 km2, três total vezes maior que a apontada pelo Deter. Segundo o Imazon, a extensão do corte raso no mesmo mês, foi de  288 km2, mais de duas vezes e meia maior que a registrada pelo sistema oficial.

Monitoramento

Os números do Deter não são definitivos, pois o sistema serve apenas para alertar rapidamente a fiscalização. Os dados completos de corte raso são consolidados anualmente por outro sistema do Inpe, o Prodes (Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite).

O Prodes usa informações de datas com menor cobertura de nuvens e imagens de satélites que identificam áreas desmatadas acima de 6 hectares. O Deter, que antes detectava somente trechos maiores que 250 hectares, desde o ano passado passou ter maior precisão com sensores que detectam alterações em áreas de florestas maiores que 100 hectares.

Até meados de 2014 foram desmatados 764.061 km2 da floresta Amazônica (segundo dados preliminares do Prodes), uma área pouco maior que a da metade do Amazonas ou do triplo do Estado de São Paulo. E​ssa extensão corresponde a 19,1% da extensão original da floresta Amazônica, que era de aproximadamente 3,99 milhões de quilômetros quadrados.

*Correção. Antes constava erroneamente “entre 2014 e 2015”.