A conta acumulada do desmatamento da Amazônia

Por Maurício Tuffani
Os ministros Aldo Rebelo (Ciência, Tecnologia e Inovação) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) anunciam taxa de sematamento anual da Amazônia no período de agosto de 2013 a julho de 2014. Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Divulgação
Os ministros Aldo Rebelo (Ciência, Tecnologia e Inovação) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) anunciam taxa de sematamento anual da Amazônia no período de agosto de 2013 a julho de 2014. Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Divulgação

A consolidação da conta do desmatamento da Amazônia em 5.012 km2 no período de agosto de 2013 a julho de 2014 é realmente uma boa notícia, mas precisamos ir devagar com esse ritmo de comemoração, como bem ressaltou o colunista Rafael Garcia ontem, na Folha.com (“O CO2 do Brasil e a pedalada florestal”, segunda-feira, 17.ago).

Não há como negar os bons resultados alcançados, principalmente porque estes três últimos anos correspondem às três taxas anuais mais baixas de desmatamento desde 1988, quando foi iniciado o monitoramento periódico do corte raso da floresta Amazônica pelo Projeto Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Mas o índice relativo ao período encerrado em 2014 não foi inferior aos 4.571 km2 de 2012. E, como explicou o jornalista, traduzidas em emissões de carbono na atmosfera, essas taxas não são nada boas.

AJUSTE

Faço aqui apenas um acréscimo às boas ponderações do colunista, inclusive para atualizar postagens anteriores deste blog. Com base na estimativa preliminar de 4.848 km2, agora ajustada para 5.012 km2, a consolidação do total de área desmatada por corte raso na parte brasileira da floresta Amazônica até julho de 2014 passa a ser de 764.225 km2.

E​ssa devastação corresponde a 19,1% da extensão original da floresta Amazônica em território brasileiro na época do Descobrimento, que era de aproximadamente 3,99 milhões de quilômetros quadrados. Ou seja, é uma área equivalente a pouco mais da metade do Amazonas ou do triplo do Estado de São Paulo —ou do triplo do Reino Unido, se for preferível uma comparação internacional.

ESTRAGO É MAIOR

Sempre é bom lembrar que os dados do Prodes não incluem áreas muito degradadas pela extração seletiva de madeira e também por incêndios ocorridos anteriormente. A extensão dessa deterioração é muito variável porque é influenciada pelas oscilações das condições climáticas. Nos anos mais secos, essa degradação tende a ser maior.

Em 2011 essa degradação chegou a 24.650 km2, diminuiu para 8.634 km2 em 2012 e para 5.434 km2 em 2013, como mostrei em outro post há cerca de um ano. E ainda nem temos os dados de 2014.