(Complemento do post “Campus do cérebro prevê início de operação em 2015”, de 28.nov.2014)
O processo de desenvolvimento do conhecimento científico e o financiamento à pesquisa em nível internacional se dão, desde os primórdios, através do julgamento de pares. Igualmente o progresso da ciência brasileira tem, como uma das suas forças motrizes, a consolidação de um longo e sistemático processo de avaliação de mérito por pares. Recursos de agências de fomento (CNPq,CAPES, FAPs, etc.), avaliação de programas de pós-graduação e formulação de políticas voltadas para o avanço científico têm sido, ao longo das últimas décadas, objeto de cuidadoso processo de avaliação, em que cientistas avaliam cientistas.
No dia 4 de novembro foi divulgada a notícia sobre a assinatura de um contrato entre o MEC e o Instituto de Ensino e Pesquisa Alberto Santos Dumont, com a aprovação de recursos da ordem de R$ 250.000.000,00 (duzentos e cinquenta milhões) destinados à implantação e financiamento do Campus do Cérebro na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Soube-se disso por meio da mídia e confirmou-se com sua publicação no Diário Oficial da União.
A destinação de recursos dessa monta para uma iniciativa pontual, sem que, até onde se sabe, tenha passado pelos trâmites consolidados pela política científica vigente, representa um fato extremamente grave e merecedor de esclarecimentos. Tal precedente é visto como mais grave ainda por viver-se um momento em que há problemas de financiamento de projetos de pesquisa importantes no país.
Em vista do exposto, os signatários desse documento entendem que esse é um ato de retrocesso que atinge a todos aqueles que acreditam que a gestão de recursos para o fomento científico devem obedecer a uma avaliação impessoal e criteriosa por parte dos órgão de fomentos. Assim, solicitam esclarecimentos e eventual revisão de tal medida, em respeito e em benefício da ciência nacional.
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